Cinema

Tropa de Elite 2
Apesar da previsibilidade do sucesso de bilheteria de ‘Tropa de Elite 2’, além das inúmeras notícias a respeito do filme desde a preparação de seu roteiro, José Padilha; Bráulio Montalvani e Daniel Rezende, respectivamente: diretor,  roteirista e montador do longa, conseguiram superar as expectativas  de maneira quantitativa e qualitativa.

Falando primeiro nos números: ao fim dessa primeira semana de exibição o longa já superou a marca de 3 milhões de espectadores. E muito provavelmente deve figurar entre as produções nacionais mais vistas desde a Retomada do cinema nacional no início da década de 90.

Quanto à qualidade, o filme agradou e muito a crítica, até àqueles que chamaram o primeiro longa-metragem da série de fascista em 2007, talvez por uma leitura superficial da trama e das personagens, teceram elogios ao segundo filme da série. Já a aceitação do público pode ser medida em qualquer seção do filme nos cinemas, já que é evidente a empolgação e o envolvimento deste com a história. Cada cena desperta reações quase que involuntárias nos espectadores, e, ao final do filme, é inevitável pensar na realidade brasileira em relação à violência e aos interesses políticos que a cercam.

A princípio o filme discute os direitos humanos, contrastando o agora Coronel Nascimento (Wagner Moura) com uma nova personagem da trama, o Deputado Fraga (Irhandir Santos). Com desenrolar da história é perceptível a evolução na maneira de pensar do ainda protagonista e narrador, o que não acontece no primeiro filme, onde, apesar de todos os conflitos, Nascimento permanece com a mesma mentalidade durante toda a história.

Mais adiante é abordada a questão das milícias no Rio de Janeiro, que no filme é apresentada como uma solução ineficaz e eleitoreira, com práticas parecidas com algumas dos próprios traficantes, quando estão controlam as favelas.

Mas a discussão evolui e acaba colocando em pauta a maneira com que o sistema muda, quando se tenta combatê-lo, para continuar funcionando. Expondo tantos problemas de ordem social, que são discutidos a cada quatro anos, e se mostram cada vez mais profundos e de difícil resolução. Tudo isso é retratado no filme através do problema específico da violência, que pode servir de ferramenta pra uma política arcaica de promiscuidade e corrupção.  

Enfim, se Padilha ainda era visto com desconfiança por alguns, depois de ‘Tropa de Elite 2’, ele se firma e se eterniza como um dos grandes do cinema nacional, e já é comum comparar seu estilo com nomes de grandeza como Tarantino, capaz de sacrificar personagens que conquistam o público, para trazer realidade à trama. 

Caso produções deste porte, de temática abrangente, que estimula tais pensamentos e discussões sobre a nossa realidade, se tornassem comuns no cinema nacional e na arte em geral seriam ótimas ferramentas sociais, estimuladoras de pensamentos, idéias e debates.


Texto Por: Lucas Hernandez